quinta-feira, 22 de outubro de 2009

FELIZ ANIVERSÁRIO LIPE.


O tempo passou,
e com ele muitos momentos.
Mas de todos um marcou
muito mais que os outros.
Eu sei que você não deve lembrar,
e por isso vou contar.
Seu primeiro contato físico comigo foi num hospital.
Você era pequeno, frágil, indefeso,
recebendo cuidados, lutando pela vida...
Desde muito cedo foi assim, não é?
Lá estava você deitado, numa “incubadora”,
e eu apenas podendo te ver, e querendo te tocar.
De repente você abriu os olhos, olhou para mim,
e esticou a mão em direção a uma abertura por
onde a enfermeira devia
te alimentar, medicar... eu não sei.
Só sei que ali minha mão coloquei e um carinho te fiz.
Quando a mão fui tirar você segurou meu dedo,
e parecia que te ouvia dizer “fica aqui”.
E eu fiquei, chorei, fiz promessa.
E fui ficando ao seu lado, do meu jeito, sei bem.
Calado, seco, sem saber ser carinhoso,
ou sem saber exprimir meu carinho,
meu amor – e isso só você sabe se eu conseguia fazer.
O tempo passava, você crescia, e isso não te impedia
de carinhoso continuar sendo.
O tempo passou, muita coisa aconteceu.
Eu lembro do dia que deixei você – não mais um bebe,
mas um homem com 18 anos.
Foi quando eu te disse pela primeira vez EU TE AMO.
Demorou tanto, né? Me desculpa.
Hoje estou longe de você,
sem poder te ajudar do jeito que eu gostaria,
e como você deve perceber, ainda seco, calado,
sem saber se consigo exprimir
meu carinho, meu amor,
minha preocupação, minha alegria
quando você telefona – pois é Lipe, eu sei...
quem telefona é você, e entendo bem seu pedido
que sempre vem na despedida quando diz
“pois é pai, qualquer coisa dá notícia”.
E hoje, o bebezinho que com um dia de nascido
segurou meu dedo pedindo para que eu ficasse,
que levou 18 anos para ouvir o pai dizer EU TE AMO,
que aguardou 20 anos para ganhar um abraço no portão
de embargue do Galeão quando estava
voltando para casa, faz 22 anos.
Hoje eu vou telefonar para você,
sem saber se vou conseguir não ser seco,
sem saber se vou conseguir fugir daquelas
frases feitas que todos ouvimos nos aniversários,
sem saber se vou conseguir
dizer novamente EU TE AMO,
mas sabendo que não vou
te dizer que escrevi isso aqui.
A verdade Lipe é que o bebezinho do hospital
virou homem e o pai envelheceu,
com uma vontade enorme de virar bebezinho
e poder pegar no seu dedo para pedir
“fica aqui, eu sinto sua falta... EU TE AMO”.
Feliz aniversário filhote.

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